segunda-feira, 16 de maio de 2016

Adeus Cauby Peixoto, cantor


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Calou-se no final da noite deste domingo (15), aos 85 anos, a voz de Cauby Peixoto, há quase sete décadas um dos maiores cantores brasileiros. O artista estava internado desde o último dia 9 no hospital Sancta Maggiore, na zona oeste de São Paulo, com um quadro de pneumonia, informou sua assessoria.
A página oficial do cantor no Facebook também confirmou a morte, publicando a seguinte mensagem: "Com muita dor e pesar informamos aos amigos e fãs que nosso ídolo Cauby Peixoto acaba de falecer as 23:50 do dia 15 de maio. Foi em paz e nos deixa com eterna saudades. Pra sempre Cauby!"
Ao lado da parceira de longa data Ângela Maria, Cauby estava em turnê pelo Brasil com o show "120 Anos de Música". No repertório, baseado no disco "Reencontro", músicas que marcaram as trajetórias dos dois artistas, como "Vida de Bailarina", "Gente Humilde" e "Bastidores". Eles fariam uma apresentação no Sesc, neste fim de semana, em ocasião da Virada Cultural. A última apresentação do cantor foi no dia 3 de maio, no Theatro Municipal do Rio.
No início de 2015, o cantor chegou a cancelar, devido a problemas e saúde, sua participação no espetáculo "Falando de Amor".
O velório do artista será na Assembleia Legislativa de São Paulo, próximo ao parque Ibirapuera, a partir das 8h. O enterro deve ocorrer a partir das 17h, no cemitério Congonhas, na zona sul, onde a família de Ângela Maria tem jazigo, informou o marido da cantora.
A carreira de Cauby na música começou quando era ainda menino, na década de 1940, dentro de uma casa de músicos. Foi Moacyr Peixoto, pianista e seu irmão, que o "ensinou a baixar o tom com que eu cantava no coral da escola, alto demais".
Lançado em boates na adolescência, não tardou para que começasse a tentar a chance como calouro em programas como "A Hora dos Comerciários", da rádio Tupi. Ganhou mais de dez concursos.
Cauby reinou na feminina música da década de 1950, na era de ouro do rádio, que consolidou a existência de uma música popular brasileira. Seus sambas, marchas, toadas, foxes e baiãos eram das poucas canções a dividir as paradas com músicas de Marlene e de Emilinha Borba.
Foi em 1956 que, com o samba-canção "Conceição", tornou-se uma estrela nacional. Mas o sucesso não o impediu de se arriscar em um novo estilo: o rock. "Eu tremi todo quando o conheci", conta Ronnie Von, para quem o cantor era "o pai do rock'n'roll, a primeira voz a cantar esse som em português."
E em inglês também. Cauby fez duas excursões aos EUA, de mais de um ano cada uma. Adotava o nome de Ron Coby para tentar uma carreira internacional que nunca deslanchou, ainda que tenha sido chamado de "O Elvis Presley do Brasil" pela revista "Time" em uma das temporadas na América. Em comum com Elvis e Frank Sinatra, dizia ter "as meninas que desmaiam quando se canta".
O empresário Di Veras viu o potencial de ídolo da juventude feminina brasileira e passou a moldar o repertório do músico, confessou Cauby décadas depois. "Como bom aluno, fui fazendo o que ele queria", disse à Folha em 2001. Di Veras bolava também táticas de marketing como costurar os figurinos com pouco esmero "para rasgarem fácil quando as fãs puxassem".
Mas não opinou na criação do personagem Cauby. "Di Veras não gostava dos penteados nem das roupas extravagantes. Eu é que fui colocando. E cada vez mais coloquei." Foi a partir dos anos 1980 que a peruca de cachos subiu à cabeça do cantor e seu visual pendeu para a androgenia.
O figurino, bordado de paetês e dourados, não era cênico, e sim para uma vida. "O Cauby é igual na rua e no palco." Mas pouco se via Cauby nas ruas do bairro de Higienópolis, onde morou nas últimas décadas.
Recluso, gastava tempo ouvindo músicas que iam de Frank Sinatra ao sertanejo Luan Santana, que ele disse ser "muito interessante", em 2012. Saía de casa só para almoçar com a colega de ofício e "quase namorada" Ângela Maria, com quem lançou uma dúzia de discos, num condomínio na região de São Paulo. "Adoro ela, a voz dela, a família dela, a comida dela", disse em 2014.
Mesmo nessas pequenas excursões não dispensava o figurino e a peruca, diz o estilista Carlão Saade, que o vestia. "Ele gostava das roupas de show para a vida, e não se importava com o que diziam", disse Saade.
"Podem me chamar de bicha!", liberou Cauby em 1985, ao falar das vestimentas. O enigma era sua opção sexual: disse que "até poderia" se apaixonar por homens, por mais que "não tivesse acontecido", mas nunca se classificou como homossexual. Mais do que entrar numa categoria, preferia escapar completamente ao erotismo. "No amor, sempre o fracasso... Tive que renunciar. Aliás, o maior sentimento do amor é a renúncia."
O niteroiense também teve de abdicar de parte da fama nas décadas de 1970, quando passou por certo ostracismo. "A mídia me esqueceu", disse. Mas, em 1980, Caetano Veloso e outros artistas fizeram músicas especialmente para ele gravar, o que chamou de sua volta: o disco "Cauby! Cauby!". Outras, como "Bastidores", foram ganhar no uso capião: Cauby a cantou com tanta autoria que criou uma lenda que Chico Buarque
havia escrito a letra, sobre uma vedete apaixonada, para ele. Não tinha.
Nas últimas décadas, enfrentou cantando uma série de problemas de saúde. No começo de 2014, teve uma infecção no ouvido que o deixou longe dos palcos por três meses, mas não sem gravar. Usava um aparelho de audição e pedia que interlocutores falassem alto e pausadamente. Era diabético e na década de 1990 fizera cirurgia para implantar pontes de safena.
Precisava de apoio de duas pessoas para se locomover até o palco e cantava sentado. O que, segundo ele, não comprometia a qualidade da voz. "Tiro o ar do diafragma. Me dá até mais ar [cantar sentado]." Foi sentado que por mais de dez anos lotou às segundas o salão do Bar Brahma, na esquina das avenidas Ipiranga e São João.
Faz alguns anos que Cauby Peixoto passou a responder cumprimentos com trechos de música. Se alguém perguntasse "Como vai, Cauby?", ele emendava o trecho de algo que tivesse gravado recentemente, como os Beatles: "Imagine all the peopleeee". 

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2016/05/1597347-morre-o-cantor-cauby-peixoto.shtml

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Adeus Siné, caricaturista iconoclasta do 'Charlie Hebdo'.


Desenhista trabalhou no Charlie de 1981 a 2008, quando foi demitido.
Por último, o francês produzia sua própria revista, a 'Siné Mensuel'.

Da EFE
O caricaturista francês Siné em foto de 2008, posando com sua tira semanal do "Charlie Hebdo", a "Sine Hebdo" (Foto: MARTIN BUREAU/AFP)O caricaturista francês Siné em foto de 2008, posando com sua tira semanal do 'Charlie Hebdo', a 'Sine Hebdo' (Foto: MARTIN BUREAU/AFP)
O iconoclasta desenhista francês Siné morreu nesta quinta-feira (5) em Paris, aos 87 anos, após uma longa trajetória repleta de polêmicas como caricaturista, como a que levou à sua demissão por antissemitismo em 2008 do "Charlie Hebdo", para quem trabalhou por mais de 25 anos.
Marcel Sinet morreu no hospital Bichat da capital francesa, após uma operação.
Siné nasceu em Paris em 31 de dezembro de 1928. Seu pai cumpriu durante vários anos trabalhos forçados, o que provocou em Siné desconfiança do Estado, da justiça e da polícia.
Aos 14 anos, começou a estudar desenho e maquetes e, desde muito cedo quis se dedicar à ilustração de imprensa, embora durante um tempo, no final dos anos 1940, tenha trabalhado como cantor em um grupo de cabaré.
Como ilustrador, publicou desde 1952 no jornal "France Dimanche", e em 1955 recebeu o Grande Prêmio do Humor. Mais tarde se tornou cartunista de temas políticos na revista "L'Express", onde seu tom provocou algum choque com o diretor da publicação, Jean-Jacques Servan-Schreiber.
Suas ideias anticlericais, anticolonialistas e antissionistas o colocou também em outras publicações minoritárias, algumas de criação própria, como "Siné Massacre" e "L'Enragé", que lançou com o editor Jean-Jacques Pauvert.
Em 1981 entrou no "Charlie Hebdo", onde se tornou uma das grandes estrelas, em particular com sua seção "Siné Sème sa zone".
Mas uma crônica que publicou revista em julho de 2008 sobre Jean Sarkozy, um dos filhos do então presidente francês, Nicolas Sarkozy, provocou uma onda de críticas por antissemitismo.
O então diretor da publicação, Philippe Val, o demitiu oficialmente para evitar um processo, o que provocou polêmica na imprensa francesa.
No terreno judicial, a questão terminou a favor de Siné, que foi absolvido da acusação de incitação ao ódio racial. Ele ainda recebeu uma indenização do "Charlie Hebdo" por demissão abusiva.
Em agosto de 2008, Siné criou um semanário satírico, "Siné Hebdo", que por falta de sucesso comercial e econômico acabou se convertendo em 2011 em mensal, o "Siné Mensuel".
Mesmo muito doente, ele ainda desenhou a capa da sua revista “Siné Mensuel”.
De acordo com o jornal francês Le Monde, Marcel Sinet, há alguns anos, comprou sua sepultura no tradicional cemitério de Montmatre, em Paris. Ele também adquiriu uma peça de bronze de um cacto fazendo um gesto obsceno. No epitáfio, ele escreveu: “Morrer? Melhor sofrer”. Durante uma internação, ele também escolheu até o produtor de vinho do tipo beaujolais, que deveria ser servido aos que participasse de sua cerimônia de condolências.

Fonte: http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2016/05/sine-caricaturista-iconoclasta-do-charlie-hebdo-morre-aos-87-anos.html

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Adeus Mauricio Spada, filho de Mauricio de Souza e publicitário

Filho de Mauricio de Sousa morre aos 44 anos

Mauricio Spada sofreu infarto fulminante enquanto dormia em sua casa em São Paulo


mauriciospada
Mauricio Spada: publicitário morreu aos 44 anos (Foto: reprodução)
O publicitário Mauricio Spada, filho do cartunista Mauricio de Sousa, morreu na madrugada desta segunda (2), em sua casa em São Paulo. Ele completaria 45 anos no próximo dia 12. Spada deixa mulher e duas filhas.
De acordo com a assessoria de imprensa de Mauricio de Sousa, Spada sofreu um infarto enquanto dormia. A confirmação da causa da morte, no entanto, ainda depende de um laudo médico. Ainda não informação sobre velório e sepultamento.
professorspada
Dr. Spam e professor Spada: personagem inspirada no filho Mauricio Spada (Foto: reprodução)
Spada trabalhava com o pai na Mauricio de Sousa Produções. Assim como fez com seus outros filhos, o desenhista também homenageou o filho nas histórias em quadrinho.
Na Turma da Mônica, ele era o professor Spada e dava aulas de informática para as crianças. Quando ficava irritado, o professor se transformava no Dr. Spam. 

Fonte: http://vejasp.abril.com.br/materia/filho-de-mauricio-de-sousa-morre-aos-44-anos?utm_source=redesabril_vejasp&utm_medium=facebook&utm_campaign=vejasp