Corpo do comportamentalista será velado nesta terça-feira, na
Memorial Necrópole Ecumênica
Alca assinou por 15 anos coluna diária em A Tribuna |
Morreu nesta terça-feira (1º), aos 68 anos, o comportamentalista e colunista social de A Tribuna Luiz Alca de Sant'Anna. Ele morava sozinho, em Santos, e seu corpo foi encontrado de madrugada. A suspeita é de que Alca tenha sofrido um infarto.
O corpo do colunista será velado a partir das 16 horas, na Memorial Necrópole Ecumênica. O enterro será nesta quarta-feira (2), no Cemitério da Consolação, em São Paulo.
O corpo do colunista será velado a partir das 16 horas, na Memorial Necrópole Ecumênica. O enterro será nesta quarta-feira (2), no Cemitério da Consolação, em São Paulo.
Alca nasceu em Santos e era formado em Direito e Filosofia. Começou sua carreira em A Tribuna em 1978, na Editoria de Variedades, onde permaneceu até 1982. A partir deste ano, passou a escrever crônicas para o jornal.
Há 15 anos, convidado pela então editora-chefe do jornal, Miriam Guedes, com quem já havia trabalhado na primeira passagem por A Tribuna, assumiu a coluna social no lugar de Thereza Bueno Wolf, que havia se aposentado. Na TV Tribuna, também atuava semanalmente no programa Viver Bem, exibido aos sábados.
Na área literária, tem cinco livros publicados. O mais recente, Outra Face, lançado em 2008, reúne 100 crônicas, algumas já publicadas em A Tribuna. Escreveu ainda Começa Assim (1979), Quem quiser que conte outra (1982), Mudança de Conversa (1985) e Eu e minha Circunstância (1989).
Revista com as 30 crônicas foi publicada sábado |
Homenagem
Aliando o colunismo social e textos sobre o comportamento humano, Alca conquistou leitores de todas as idades e, no último sábado (29), foi homenageado com uma revista especial, encartada no jornal A Tribuna, reunindo 30 textos publicados ao longo dos últimos 15 anos.
Em entrevista publicada no último dia 27, falou sobre a inspiração para a publicação de crônicas, os trabalhos que mais marcaram sua carreira, além dos critérios para a escolha do material que compôs a revista.
“A tarefa de separar o material não foi fácil. Usei como critério aquilo que não é tão dia a dia, textos de pessoas sobre as quais comentei. Eu fiquei muito feliz com o convite. A revista marca um reconhecimento”.
Na ocasião, quando questionado sobre a inspiração para a produção das colunas afirmou estar “sempre alerta” para ver o que pode acontecer. “Ouço uma frase, alguém fala algo, observo...Eu também leio muito, estudo muito”.
Ainda conforme o comportamentalista e colunista social, apesar de sempre acreditar que seu público era composto por pessoas mais velhas, vinha se deparando com jovens que afirmavam gostar do que escrevia.
Aliando o colunismo social e textos sobre o comportamento humano, Alca conquistou leitores de todas as idades e, no último sábado (29), foi homenageado com uma revista especial, encartada no jornal A Tribuna, reunindo 30 textos publicados ao longo dos últimos 15 anos.
Em entrevista publicada no último dia 27, falou sobre a inspiração para a publicação de crônicas, os trabalhos que mais marcaram sua carreira, além dos critérios para a escolha do material que compôs a revista.
“A tarefa de separar o material não foi fácil. Usei como critério aquilo que não é tão dia a dia, textos de pessoas sobre as quais comentei. Eu fiquei muito feliz com o convite. A revista marca um reconhecimento”.
Na ocasião, quando questionado sobre a inspiração para a produção das colunas afirmou estar “sempre alerta” para ver o que pode acontecer. “Ouço uma frase, alguém fala algo, observo...Eu também leio muito, estudo muito”.
Ainda conforme o comportamentalista e colunista social, apesar de sempre acreditar que seu público era composto por pessoas mais velhas, vinha se deparando com jovens que afirmavam gostar do que escrevia.
As pessoas precisam ouvir. Estamos em um momento em que a vida entrou no piloto automático: trabalha, trabalha, trabalha..."
Alca, que também trabalhava com filosofia do comportamento, afirmou ainda, em entrevista, que, apesar de cada um ter sua fé, sua religião, seu ponto, “o homem precisaria se conscientizar de que o ponto chave de tudo, que os pais devem mostrar para os seus filhos quando eles nascem, é que eles têm um compromisso com a vida. Na hora que a gente entende que tem um compromisso consigo mesmo, luta por si, é mais ético”.
Luiz Alca de Sant’Anna também era fundador e diretor da Associação Comunitária de Auxílio Santista ao Portador do HIV/AIDS (ACAUSA). No último dia 14, um jantar beneficente, com a renda revertida para ajudar 280 famílias, foi realizado no Mendes Convention Center.
Luiz Alca de Sant’Anna também era fundador e diretor da Associação Comunitária de Auxílio Santista ao Portador do HIV/AIDS (ACAUSA). No último dia 14, um jantar beneficente, com a renda revertida para ajudar 280 famílias, foi realizado no Mendes Convention Center.
Última coluna de Luiz Alca foi publica nesta terça |
Última crônica
A edição desta terça-feira (1º) de A Tribuna traz a coluna Impasse de egoísmos, a última de Alca no jornal. Confira:
Uma esposa ficou triste, semana passada, porque o marido recusou-se a acompanhá-la numa exposição de fotos em que ela participava e não queria ir sozinha, mesmo sendo acompanhada das amigas, porque estava muito insegura. Ele optou por ir jogar bola com a turma habitual desse dia da semana e depois esticar para a cervejinha, alegando que era “promoção de mulheres”, o que, aliás, vejo muitos homens “ainda” assim qualificarem quando se trata de qualquer cunho cultural ou mesmo benemerente. O que forma o enorme rol das “viúvas de marido vivo”.
Também nesta semana, um jovem profissional defendeu uma tese de mestrado de grande importância para o desenvolvimento de seu trabalho e ficou muito desapontado, já que o pai, que mora em outra cidade, figura forte em sua vida, nem sequer ligou para saber como ele havia se saído.
Ambos me falaram de seu acabrunhamento sem, necessariamente, criticar, mas questionando se estariam errados em sentir-se magoados por isso ou se estavam sendo incompreensíveis e mais: melindrados sem uma razão concreta, o que pode ser um sinal pueril, senão a configuração de um capricho bobo.
É bem difícil responder sobre o comportamento humano quando não se tem os dados da ação, e, principalmente, uma ideia de seus valores, no relacionamento com a família, amigos, pessoas queridas, enfim, aqueles merecedores do melhor foco.
Mas, sempre vou por uma luz dentro do convívio: o interesse, esse claro sintoma do afeto e que faz com que a gente opte por sintonizar-se com o que é importante para o amado, ainda que não o seja para nós. Mesmo reconhecendo o quanto é complicado e enxergando a necessidade de amadurecer dentro da relação. Em especial, numa vida a dois.
Tentar se envolver com os projetos do outro, interessar-se por seus objetivos e sensibilizar-se para perceber os momentos em que tanto precisa de nós, do nosso apoio e suporte, por estar inseguro em seu caminho, por mais que aquilo soe como pequeno, insignificante em nosso quadro de valores. Como a esposa que precisava tanto da presença do marido naquela noite.
Por outro lado, há que se compreender que em toda a relação forte acaba surgindo sempre o confronto dos egoísmos, inevitável consequência da condição humana. O que faz com não se valorize o que não tem importância dentro das preferências pessoais e das escalas de valor individual. E que leva também a querer mudar as pessoas ou acreditar que se pode mudar os outros ou moldá-los a olhar para o mesmo ponto ou agir de forma semelhante.
Em se tratando de um confronto, obviamente é preciso encarar e assumir. Não só a realidade dos egos, mas o possível da atitude maleável, em nome do sentimento, o que é tão compensador.
No momento em que se percebe a alegria do outro pela nossa participação, o olhar de agradecimento pela troca, o quanto se estabelece em cumplicidade, sente-se como vale a pena um pequeno esforço para a conexão aos interesses de alguém amado.
E o quanto o individualismo, o olhar exclusivo ao próprio umbigo, esse egoísmo exacerbado que domina tantos e bons, não está com nada dentro da maravilha do convívio.
A edição desta terça-feira (1º) de A Tribuna traz a coluna Impasse de egoísmos, a última de Alca no jornal. Confira:
Uma esposa ficou triste, semana passada, porque o marido recusou-se a acompanhá-la numa exposição de fotos em que ela participava e não queria ir sozinha, mesmo sendo acompanhada das amigas, porque estava muito insegura. Ele optou por ir jogar bola com a turma habitual desse dia da semana e depois esticar para a cervejinha, alegando que era “promoção de mulheres”, o que, aliás, vejo muitos homens “ainda” assim qualificarem quando se trata de qualquer cunho cultural ou mesmo benemerente. O que forma o enorme rol das “viúvas de marido vivo”.
Também nesta semana, um jovem profissional defendeu uma tese de mestrado de grande importância para o desenvolvimento de seu trabalho e ficou muito desapontado, já que o pai, que mora em outra cidade, figura forte em sua vida, nem sequer ligou para saber como ele havia se saído.
Ambos me falaram de seu acabrunhamento sem, necessariamente, criticar, mas questionando se estariam errados em sentir-se magoados por isso ou se estavam sendo incompreensíveis e mais: melindrados sem uma razão concreta, o que pode ser um sinal pueril, senão a configuração de um capricho bobo.
É bem difícil responder sobre o comportamento humano quando não se tem os dados da ação, e, principalmente, uma ideia de seus valores, no relacionamento com a família, amigos, pessoas queridas, enfim, aqueles merecedores do melhor foco.
Mas, sempre vou por uma luz dentro do convívio: o interesse, esse claro sintoma do afeto e que faz com que a gente opte por sintonizar-se com o que é importante para o amado, ainda que não o seja para nós. Mesmo reconhecendo o quanto é complicado e enxergando a necessidade de amadurecer dentro da relação. Em especial, numa vida a dois.
Tentar se envolver com os projetos do outro, interessar-se por seus objetivos e sensibilizar-se para perceber os momentos em que tanto precisa de nós, do nosso apoio e suporte, por estar inseguro em seu caminho, por mais que aquilo soe como pequeno, insignificante em nosso quadro de valores. Como a esposa que precisava tanto da presença do marido naquela noite.
Por outro lado, há que se compreender que em toda a relação forte acaba surgindo sempre o confronto dos egoísmos, inevitável consequência da condição humana. O que faz com não se valorize o que não tem importância dentro das preferências pessoais e das escalas de valor individual. E que leva também a querer mudar as pessoas ou acreditar que se pode mudar os outros ou moldá-los a olhar para o mesmo ponto ou agir de forma semelhante.
Em se tratando de um confronto, obviamente é preciso encarar e assumir. Não só a realidade dos egos, mas o possível da atitude maleável, em nome do sentimento, o que é tão compensador.
No momento em que se percebe a alegria do outro pela nossa participação, o olhar de agradecimento pela troca, o quanto se estabelece em cumplicidade, sente-se como vale a pena um pequeno esforço para a conexão aos interesses de alguém amado.
E o quanto o individualismo, o olhar exclusivo ao próprio umbigo, esse egoísmo exacerbado que domina tantos e bons, não está com nada dentro da maravilha do convívio.
Colunista se surpreendeu com público jovem que afirmava gostar do que escrevia |
Rede social
Na página de A Tribuna no Facebook, o público demonstrou tristeza pela morte de Alca.
''Ele vai deixar muita saudade....Adorava ler os textos dele... Ele deixou a marca dele para sempre na vida dos santistas...Que Deus o receba de braços abertos..'', disse Sueli Souza.
''Ele vai deixar muita saudade....Adorava ler os textos dele... Ele deixou a marca dele para sempre na vida dos santistas...Que Deus o receba de braços abertos..'', disse Sueli Souza.
''Os sábados não serão mais o mesmo, um homem culto de sábias palavras'', escreveu Raquel Souza Pereira.
Nélide Capp demonstrou seu pesar: ''Meus sentimentos à família! Perdemos um sábio homem e grande amigo e a nossa Santos, um filho ilustre!''
Muito triste! Nossas manhãs de sábado não serão mais as mesmas'', postou Dalila Delgado.
Rebeca Ferreira resumiu o momento: ''Triste....morre o dono de sabias palavras!''
''Vai fazer muita falta, nossa, um ícone!'', afirmou Marcos Bertagna.
Fonte: http://www.atribuna.com.br/noticias/noticias-detalhe/cidades/morre-aos-68-anos-o-colunista-social-luiz-alca-de-santanna/?cHash=a7105a68ad92b8816c0d3fbecd8c091a
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